O educador é o sujeito que aprende ao olhar para o outro e para o mundo que vive. É capaz de olhar em torno de si e em torno do outro, propondo ações de interação que possibilitam a ambos, aprender. Paulo Freire nos diz que “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Também ensina que temos que ter sempre esperança, mas não esperança do verbo esperar, de ter expectativas, mas no sentido de ter confiança no seu fazer, acreditando na ação e nos sujeitos. Então, todos nós somos crédulos e esperançosos, se não fossemos não estaríamos na educação.
Outra pensadora importante, Hannah Arent afirma que “ A educação é onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo.” Do mundo complexo, desigual, que necessita ser observado, compreendido, transformado pelo conhecimento. Não existe transformação sem conhecimento, sem investimento na ciência e na educação, sem isso, os homens se comportam como sonâmbulos, que agem mas não compreendem como e porque existem.
Nós educadores somos feitos de luta, e a história deste dia nos mostra que muitas barreiras foram rompidas. Se no século XIX, na escola das primeiras letras se permitia para as meninas somente aprender as prendas (costurar, bordar, cozinhar) e o mínimo para a economia doméstica, os meninos podiam aprender a leitura, a escrita, as quatro operações de cálculo e as noções mais gerais de geometria prática – passados estes séculos colaboramos para a construção de uma educação escolar para todos, independente de raça, sexo, cor, idade. E quando, em qualquer situação isso ainda não se evidencie, continuamos na luta por uma educação e uma escola que não discrimine e por uma organização que garanta a possibilidade da viabilização dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que constam da nossa Constituição Federal em seu Artigo 3º,sendo:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Isso é também da nossa responsabilidade como educadores.
Acreditamos em um país e um mundo melhor para todos, isso é da nossa vocação, sermos questionadores, investigadores, motivadores, crentes que o conhecimento, reafirmamos, nos fará a todos, sujeitos capazes de ter ação diante de adversidades e outras situações que exijam posição crítica. Não somos contemplativos e tão pouco desejamos aos sujeitos que estão na escola que o sejam. Não estamos sonambulando pelo mundo.
As políticas para a educação ainda acontecem neste país mais como políticas de governo do que efetivamente políticas de Estado e por este motivo, as lutas que travamos como categoria ultrapassam o campo da ação pedagógica cotidiana que é da nossa profissão. Temos estudado muito, pesquisado e procurando referências para entender cada vez mais o processo de aprender na escola e nas instituições – agora mesmo, nos debruçamos sobre a Base Nacional que reafirma o preceito de sermos, nós e cada criança, adolescente, jovem ou adulto que está na escola, protagonistas neste aprender. Igualmente desejamos afirmar nossa preocupação com a permanência da instituição escolar em espaços sociais
Lutamos por reconhecimento como trabalhadores e não a partir da idéia que somos exclusivamente indivíduos vocacionados, é nobre, é verdade, exercer esta profissão exige de nós fé na vida e na humanidade, caso contrário, não seria possível nos manter na ação. Lutamos contra os obstáculos que encontramos nos espaços educativos sejam elas da própria estrutura imprópria para a ação pedagógica, ou ainda condições sociais do entorno por vezes comprometidas pela ausência de políticas públicas adequadas, sejam estas do saneamento básico, condições de moradia, atendimento a saúde, entre outros pontos. Estamos na vida e no mundo, não estamos cegos, nem surdos diante da realidade. A escola em determinados espaços é referência social fundamental especialmente quando é capaz de oferecer a sua comunidade uma educação integral através de projetos que permitem aos sujeitos criança ou adolescente, lugar de reconhecimento através de vivências lúdicas – que estes lugares, nesta rede se mantenham e sejam fortalecidos. Educação Integral como meta de qualificação da ação pedagógica. .
Toda luta que travamos como categoria em âmbito nacional tem nos levado a importantes vitórias no campo local, conquistamos o pagamento do Piso Nacional que fala da nossa dignidade como educadores e através desta conquista nos sentimos reconhecidos, mas tememos a cada ano, as posições contrárias a existência do mesmo, a resistência de setores mais conservadores em garantir salário digno a categoria. E a cada ano, voltamos a mesa para negociar. Ela nos é cara, fundamental. É da nossa luta como categoria.
Da mesma forma, neste momento, mantemo-nos alerta e ativos no debate sobre a política de financiamento, organização e articulação da educação, denominado FUNDEB e os riscos eminentes de seu desmonte o que coloca em risco não somente o pagamento deste direito que é o Piso Nacional, como também a manutenção da escola pública. Sem o FUNDEB colocamos em risco o que já se construiu do ponto de vista da organização da escola, da merenda a gestão, da limpeza ao campo da tecnologia. Estaremos a mercê de desejos e políticas, mais uma vez vinculadas a preferências pessoais de ministros ou governantes em qualquer âmbito. A luta pelo FUNDEB não é luta de uma categoria, de um secretário, de um prefeito, é luta de toda sociedade.
Viva o FUNDEB!
Lutemos permanentemente por uma educação para todos!
Viva os educadores!
Professora Graciele Fabricio
APMI SINDICATO
15 de outubro, Dia do Professor, 2019.